A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é a patologia crónica mais frequente do sistema digestivo alto. A prevalência desta doença é de cerca de 10 a 20% da população nos países ocidentais, com uma expressiva interferência na qualidade de vida dos doentes.
“O número de casos com DRGE tem vindo a aumentar, nas últimas décadas devido á alteração dos hábitos alimentares, ao aumento da incidência da obesidade, ao excesso de consumo de bebidas alcoólicas e ao tabaco ”, afirmou o gastrenterotologista Luís Novais.
“Rouquidão, pigarro, dor na garganta, tosse crónica, dor no peito, falta de ar ou alterações no esmalte dos dentes, podem ser sintomas desta doença”, e a avaliação médica multidisciplinar por profissionais de diferentes especialidades é da maior interesse e relevância.
“A introdução dos inibidores da bomba de protões (IBP) revolucionou a abordagem à DRGE, quer no tratamento dos sintomas típicos, quer na cicatrização da esofagite. “Contudo, em cerca de 10 a 40% dos doentes a sintomatologia persiste, tornando-se a ineficácia destes fármacos um problema clínico atual, a denominada DRGE refratária.”, alertou o especialista.
Para o gastrenterologista, a DRGE que não responde ao tratamento médico adequado e às medidas de alteração dos hábitos alimentares e de vida, “a investigação detalhada dos sintomas do doente e a avaliação diagnóstica são essenciais para clarificar a origem dos sintomas refratários como a toma inadequada ou insuficiente de IBPs, o refluxo ácido persistente, o refluxo não ácido, a bolsa de ácido, a sintomatologia não relacionada com RGE e a hipersensibilidade esofágica”.
No que respeita ao diagnóstico “os recentes exames utilizados para confirmar a doença e a razão da não resposta adequada ao tratamento, estão disponíveis em Portugal, são de fácil execução e bem tolerados pelo doente, ”, acrescentou o responsável do Laboratório de Neurogastrenterologia e Motilidade Digestiva (CEDE) da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Lisboa.
“As novas abordagens terapêuticas incluem o aumento do efeito anti-secretor dos IBP com novos enantiómeros, combinações de IBPs ou com outros fármacos, novos procinéticos, protetores da mucosa, controle da bolsa de ácido e fármacos direcionados para a sensibilidade esofágica”, foram comentados pelo Professor Luís Novais em relação às novas terapêuticas da DRGE.