Em Portugal, cerca de 300 mil casais são inférteis. Apesar de frequentemente associada às mulheres, a verdade é que a percentagem de casos de infertilidade feminina e masculina é exatamente igual: 40%. Registam-se depois 10% de casos de infertilidade de ambos os elementos do casal e mais 10% de casos de infertilidade inexplicada.
Fatores genéticos e hereditários ou consequência dos hábitos e estilo de vida, acidentes ou doenças são as principais causas associadas à infertilidade masculina. Alterações no âmbito testicular, a obstrução de dutos, patologias da próstata, alterações na ejaculação ou na ereção e alterações no esperma estão entre as causas mais comuns.
Doenças como o cancro, obesidade, diabetes, doenças neurológicas, disfunções sexuais, ou o consumo de alguns medicamentos podem afetar o aparelho reprodutor masculino.
“No caso da infertilidade masculina, é urgente acabar com o estigma que lhe está associado. Nos casos em que o homem é o membro infértil do casal, por vergonha ou preconceito, não procura ajuda, acabando por ser a mulher a fazê-lo. Aliás, muitas vezes os tratamentos não prosseguem porque os homens não aceitam realizar exames simples, como um espermograma. Se as mulheres já sentem reservas em falar sobre o facto de não conseguirem ter filhos os homens sentem-no muito mais, sendo pouquíssimos aqueles que assumem a sua infertilidade e que falam abertamente do seu caso”, refere Cláudia Vasconcelos Vieira, presidente da APFertilidade.
E acrescenta: “Tal como acontece com as mulheres, a infertilidade masculina não se resume a uma causa. Quanto mais cedo se assumir o problema, maiores são as opções de tratamento e as hipóteses de cura. E é preciso desmistificar a ideia de que a infertilidade é sinónimo de disfunção sexual, porque uma coisa não tem absolutamente nada a ver com a outra”.
O diagnóstico da infertilidade só é possível depois de um historial clínico familiar, que deve anteceder todos os exames auxiliares de diagnóstico e o exame físico. Os exames são obrigatórios e devem ser efetuados antes do início de qualquer tratamento.
Tal como nas mulheres, também a idade é um ponto a considerar. Depois dos 40 anos, os homens começam a apresentar espermatozoides com alterações cromossómicas e mutações genéticas.
Na maioria dos casos, a infertilidade é ultrapassada com recurso a medicamentos, mas em situações mais complexas, é necessário recorrer a tratamentos de procriação medicamente assistida, como a FIV ou ICSI.
De acordo com a APFertilidade, manter uma alimentação saudável , evitar o consumo de drogas e tabaco, praticar exercício físico regularmente e manter uma vida sexual responsável são alguns hábitos importantes para prevenir a infertilidade masculina.