Além de colocar os médicos em risco de burnout, as consultas mais curtas estão associadas a piores resultados de saúde para os pacientes e excesso de medicação.
O maior estudo internacional realizado até à data sobre a duração média das consultas de cuidados primários – ou Medicina Geral e Familiar – coloca Portugal na 10ª posição do ranking, com uma média de 15,9 minutos por consulta. A investigação – que contou com a participação de Ana Luísa Neves, investigadora Departamento de Medicina da Comunidade, Informação e Decisão em Saúde (MEDCIDS) da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e do Imperial College London – analisou dados referentes a 67 países.
Em 15 desses países– o que representa 50 por cento da população mundial – a duração média de uma consulta de cuidados primários é inferior a cinco minutos. A Suécia ocupa a primeira posição com uma duração média de 22,5 minutos por consulta e o Bangladesh a última com uma duração média de 48 segundos.
O estudo aponta que, além de colocar os médicos em risco de burnout, as consultas com tempos mais curtos foram associadas a piores resultados de saúde para os pacientes. A investigação permitiu, também, salientar uma relação entre as consultas mais curtas e a prescrição de múltiplos fármacos prescritos a um paciente, uso excessivo de antibióticos e má comunicação entre o paciente e o médico. A procura de cuidados de saúde primários tem aumentado em todo o mundo, exercendo uma maior pressão nos tempos médios de consulta.