Helena Henriques Antunes, investigadora e Responsável da Área de Produção de Terapias Celulares da Crioestaminal, desenvolveu um estudo que apresenta resultados muito positivos sobre o potencial terapêutico dos exossomas no tratamento do pé diabético, uma condição para a qual não existe atualmente uma solução terapêutica eficaz2. Este estudo, promovido pela Crioestaminal, foi desenvolvido no grupo de Biomateriais e Terapias baseadas em Células Estaminais, liderado pelo Doutor Lino Ferreira.
Estima-se que existam cerca de 382 milhões de doentes diabéticos em todo o mundo e que este número de doentes poderá aumentar para 592 milhões em 20351;2. Destes, cerca de 15% desenvolverão feridas diabéticas, normalmente designadas como pé diabético. Em Portugal, as estimativas apontam para cerca de 1 milhão e 100 mil diabéticos e entre 1.800 e 1.900 casos de pé diabético por ano, uma condição que, devido à falta de terapêuticas eficazes, é responsável pela maioria das amputações não traumáticas.
A investigadora recorda: “As feridas crónicas, tal como a ferida do pé diabético, são altamente incapacitantes e constituem uma das principais causas de amputação na população diabética”.
Sabendo-se que os exossomas, pequenas vesículas de cerca de 30-200nm com elevado potencial terapêutico, são segregados pelas células do organismo e que transportam várias moléculas bioativas2,3, tais como as moléculas de RNA, no estudo em causa – que está na base da tese de doutoramento da investigadora – a equipa isolou os exossomas de células mononucleadas do sangue do cordão umbilical (SCU-MNCs) e avaliou o seu potencial regenerativo in vitro em células da pele, e in vivo em modelos animais.
Em feridas crónicas, num modelo animal de diabetes tipo I e II, a administração destes exossomas revelou um aumento significativo da cicatrização de feridas, mesmo quando comparado com a única terapia avançada atualmente aprovada na União Europeia e Estados unidos (um gel com o fator de crescimento PDGF-BB). Quando os exossomas foram administrados por uma formulação desenvolvida no grupo, o processo de cicatrização das feridas diabéticas foi significativamente melhorado, quer ao nível de fecho da ferida, quer ao nível da recuperação da estrutura da pele.
A investigadora acrescenta: “Acreditamos que os exossomas das células mononucleadas do sangue do cordão umbilical possuem um elevado poder regenerativo que pode ser potenciado através de uma formulação que permita controlar a sua ação na ferida. A nova plataforma que desenvolvemos representa uma nova esperança para doentes e profissionais de saúde, sobretudo num país como Portugal, em que o número de diabéticos é muito elevado e as alternativas terapêuticas para estacondição são, muitas vezes, ineficazes”.
O trabalho foi apresentado no 14.º Congresso Português da Diabetes, que decorreu de 9 a 11 de março, no Centro de Congressos Tivoli de Vilamoura, no Algarve.