Este passado mês de Novembro teve lugar a 13ª edição da Cimeira G20. Será este um número da sorte? Pelo que pudemos observar todos os líderes chegaram até ao final sem bater com a porta e foi asssinada uma declaração conjunta. Isto num contexto de uma acessa guerra comercial entre os EUA e a China e do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, com barcos e tripulações apresadas. Podia ter sido pior.
Mas, ao fim de 10 anos de cimeiras G20, qual será o balanço que podemos fazer? A começar pela entidade promotora, o FMI, ao conseguir reunir cada 6 meses os países que representam 85% da economia mundial é, só por si, algo meritório. Por outro lado, estas cimeiras evidenciam que a espécie humana, por muitos defeitos que possa ter, não consegue sobreviver sem cooperar entre si. Somos uma espécie colaborativa por intuição genética. E numa economia global altamente integrada, a cooperação e o diálogo são essenciais. Todos os líderes políticos que participam nestas cimeiras estão bem cientes disso.
Que podemos nós, no âmbito da Saúde, aprender com o G20? Desde logo, celebrar que os próprios ministros da saúde dos países do G20 tenham as suas próprias reuniões e sigam uma agenda própria.
Desde 2016, os membros do G20 concordaram com a criação do Health Working Group (HWG) na China e o grupo surgiu sob a presidência alemã no ano seguinte, com a Argentina como co-presidente.
No decorrer de 2018, o Grupo de Trabalho para a Saúde reuniu-se em 5 e 6 de março, 17 e 18 de maio e 3 de outubro. A Reunião Ministerial da Saúde foi realizada em 4 de outubro e estabeleceu um plano de trabalho conjunto e objetivos globais.
O Health Working Group do G20 tem sido uma excelente oportunidade para continuar a abordar as políticas globais de saúde no nível do G20. Permitiu que a Argentina trouxesse para a mesa perspectivas da América Latina e do Caribe e acrescentasse uma dimensão de país em desenvolvimento às discussões.
As questões discutidas sob a presidência argentina foram as seguintes:
- Resistência antimicrobiana
- Desnutrição focada no sobrepeso e obesidade na infância
- Fortalecimento dos sistemas de saúde
- Capacidade de resposta dos sistemas de saúde a desastres, catástrofes e pandemias
Sem dúvida que nos podemos todos congratular com estes resultados. A aposta pelo fortalecimento dos Sistemas de Saúde, como um factor de coesão social e desenvolvimento económico é uma boa notícia. Destaco aqui uma das conclusões:
“Destacamos a importância de um financiamento robusto e sustentável para o sistema de saúde e a necessidade de diálogo contínuo entre os Ministros da Saúde e os Ministros das Finanças para mobilizar recursos internos para o setor da saúde. Além disso, reconhecemos que o fortalecimento da governança e das capacidades institucionais, financeiras e operacionais exige ações mais oportunas, eficazes e eficientes.”
O próximo contexto da celebração dos 40 anos do Serviço Nacional de Saúde que terá lugar a partir de 2019, será o momento ideal para fazermos o balanço daquelas que têm sido 4 décadas de sucesso em Portugal.
Poderá ser uma boa ocasião para convidarmos o Brasil, que junto com a União Europeia, é um membro do G20, e estreitar a cooperação em saúde a uma escala global em língua portuguesa. Todos os países do mundo que partilhamos a língua portuguesa, podemos e devemos aprender uns com os outros a criar casos de sucesso nos nossos Serviços Nacionais de Saúde.
Este sucesso passa por abandonar a ideia de um Estado todo-poderoso e super-protector que tudo provê e encontrar novas fórmulas de prestação partilhada.
O modelo de co-produção de saúde, que já forma parte da estratégia nacional de saúde em Portugal, refere que a Governação para a Saúde é partilhada pelos diferentes sectores da sociedade, todos contribuem em simultâneo para o estado e ganhos em saúde na população. Este é o reto para o futuro de qualquer Serviço Nacional de Saúde.
Na imagem: discurso de Juliana Awada, Primeira-dama da Argentina.
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