Na passada quarta-feira, dia 3 de Março, no âmbito do Global Forum GS1, a reunião internacional, em formato digital, da GS1, de que a GS1 Portugal é membro, decorreu uma sessão plenária sobre o impacto da pandemia na saúde, que contou com a participação de várias organizações do setor.
A situação pandémica veio realçar a complexidade da cadeia de valor internacional necessária para desenvolver, testar e movimentar produtos de saúde um pouco por todo o mundo. Neste contexto, nunca a implementação de standards globais para a saúde foi tão unanimemente reconhecida como essencial, sendo a rastreabilidade dos produtos crucial para garantir a autenticidade e permitir uma ação direcionada em caso de inconformidades.
No plenário moderado por Kathy Wengel, Vice-Presidente Executiva da GS1 e Chief Global Supply Chain Officer da Johnson & Johnson, líderes representantes de diferentes elos do ecossistema da saúde partilharam as suas experiências na adoção dos standards GS1 na superação dos desafios com que se deparou o setor.
Os oradores desta sessão foram Sylvain Alberola, Clinical Supply Chain Industrial Development Head da Sanofi; George Bray, Membro do Comité Executivo da Fight the Fakes Alliance e Susan Moffatt-Bruce, CEO e Professora de Cirurgia no Royal College of Physicians and Surgeons of Canada.
A sessão começou com uma introdução de Kathy Wengel em que realçou a importância da “precisão, rastreabilidade e visibilidade ao longo de toda a cadeia de valor no setor da saúde”. A responsável global de Supply Chain da Johnson & Johnson destacou ainda algumas mudanças que a cadeia de valor da saúde sofreu, nomeadamente, a forma de responder às tendências que têm vindo a afetar o setor.
Seguiu-se a intervenção de Sylvain Alberola, da Sanofi, que sublinhou como “pilares essenciais a rastreabilidade e interoperabilidade, a eficiência e a qualidade do serviço prestado pelos hospitais aos pacientes, para o sucesso da cadeia de valor”. “É cada vez mais urgente a implementação de standards globais para todo setor, desde a rotulagem e a embalagem, até ao armazenamento na farmácia hospitalar e administração ao paciente. Nos últimos dois anos, temos vindo a trabalhar no sentido de tornar a cadeia de valor mais eficiente através de soluções como Data Matrix. No entanto, para que todo o processo resulte, é essencial formar todos os intervenientes na cadeia de valor para que todos compreendam como esta deve funcionar e a real importância de seguirem procedimentos conformes com a codificação”, concluiu.
Susan Moffatt-Bruce, CEO do Royal College of Physicians and Surgeons of Canada, destacou “as várias oportunidades que esta pandemia veio oferecer, ao evidenciar a mais-valia dos standards GS1 para o setor da saúde”. Para Susan Moffatt-Bruce, “com a procura clara na reorganização de processos, a importância de dar prioridade ao paciente e a necessidade de realocar recursos, a flexibilidade e a transparência tornaram-se chave ao longo de toda a cadeia de valor do setor”.
Na sua intervenção, George Bray da Fight the Fakes Alliance, relembrou que a crise pandémica trouxe um grave problema na cadeia de valor – a procura por medicamentos e dispositivos médicos ilegais. Por isso, George Bray, destacou a importância de “garantir o medicamento certo para o paciente certo no momento certo”, trabalho que pode ser claramente facilitado pelo “papel da GS1 na identificação, captura e partilha de dados”. “Só assim conseguiremos melhorar a rastreabilidade dos produtos, assegurando a confiança na cadeia de valor, assim como a sua interoperabilidade e transparência”, concluiu.
Ao longo de quase uma hora de sessão, todos os intervenientes concordaram que a implementação de standards GS1 é, mais do que nunca, vital para assegurar a segurança dos medicamentos e dispositivos médicos, evitando a entrada de produtos falsificados em qualquer elo da cadeia de valor.
Sobre esta sessão, João de Castro Guimarães, Diretor Executivo da GS1 Portugal, destacou que “a sessão plenária dedicada ao setor da saúde no contexto dos trabalhos do Global Forum, a reunião anual de todas as organizações-membro da GS1, de que a GS1 Portugal é exemplo, é invariavelmente uma oportunidade para partilha de boas-práticas de interlocutores com intervenção no setor, de modo transversal. O contributo da GS1, assente no nosso sistema de standards, previne de forma clara a exposição de doentes ao risco de administração de medicamentos ou utilização de dispositivos médicos não conformes, evitando a respetiva disponibilização em farmácias, farmácias hospitalares e plataformas de venda online. A atual crise sanitária veio evidenciar o contributo dos standards GS1 para a eficiência do setor e para a segurança e saúde, assentes na rastreabilidade pela captura, partilha, utilização de dados”.
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