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Reinventar o SNS para uma População em Evolução

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No debate mais esperado entre os candidatos a primeiro-ministro de Portugal na discussão em torno do futuro da saúde, a mesma narrativa predominante, que sugere a construção de mais hospitais como solução para os desafios enfrentados pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), foi novamente posta em destaque por um dos candidatos.

Contudo, essa perspectiva negligencia uma verdade fundamental: a saúde dos portugueses não é feita nos hospitais e não se resume à existência de mais infraestruturas hospitalares. Foram construídas 31 novas unidades privadas e estão várias a ser construídas para o SNS, em Viseu (já inaugurada), no Alentejo, em Sintra e o próximo Hospital Lisboa Oriental já foi adjudicado.

É imperativo compreender que a construção de novos hospitais, embora importante, não é uma panaceia para os problemas do SNS. A verdadeira transformação para o sistema de saúde em Portugal exige uma mudança de paradigma mais abrangente e profunda.

Uma nova estratégia para a criação de saúde

Precisamos de uma estratégia que priorize a promoção da saúde e a prevenção de doenças, apoiando iniciativas que permitam aos cidadãos e às suas comunidades construir respostas mais adequadas na prevenção da doença e, no caso em que esta surja, poder receber cuidados de saúde adequados nas suas próprias casas. Esta abordagem não só é mais eficaz em termos de custos, como também está mais alinhada com as necessidades e preferências da população.

No rescaldo do recente debate entre os candidatos a primeiro-ministro, uma questão veio à tona com uma urgência indiscutível: o reconhecimento de que o nosso Serviço Nacional de Saúde (SNS) atual não foi concebido para enfrentar os desafios de uma nação que ostenta hoje a população mais idosa da União Europeia e uma das mais idosas do mundo. Esta constatação não é apenas um diagnóstico da realidade atual; é também um apelo à ação para adaptarmos o nosso sistema de saúde às necessidades específicas desta demografia em rápida transformação.

Um dos candidatos sublinhou a necessidade de uma ação conjunta entre o Ministério da Saúde e a Segurança Social, sinalizando um caminho promissor para uma gestão integrada e mais eficaz dos cuidados de saúde e apoio social. Este enfoque colaborativo é crucial, uma vez que enfrentamos o desafio de prestar cuidados adequados a uma população envelhecida, que requer não só intervenções médicas, mas também suporte social sustentado.

É neste contexto que o próximo plenário do Think Tank SNS de Contas Certas, dedicado à Gestão das Doenças Crónicas e Cuidados Paliativos, adquire uma importância ainda maior. Um conjunto de especialistas convidados reúnem-se na Fundação Calouste Gulbenkian no próximo dia 28/02 para discutir e delinear estratégias que dêem resposta às necessidades específicas de um SNS sustentável, capaz de servir uma população cada vez mais idosa.

Respostas para uma população em evolução

O envelhecimento da população não é um fenómeno exclusivo de Portugal, mas a nossa resposta a este desafio pode servir de modelo para outros países que enfrentam ou enfrentarão problemas semelhantes. A gestão eficaz das doenças crónicas e a disponibilização de cuidados paliativos adequados são componentes essenciais de um sistema de saúde que preza pela dignidade e qualidade de vida até ao fim.

O debate em torno da construção de novos hospitais, embora necessário, desvia a atenção das soluções inovadoras que podem transformar o SNS de um modo mais fundamental e sustentável. A promoção da saúde, a prevenção da doença e o apoio à saúde em casa devem ser os pilares desta nova visão para o SNS, garantindo que os hospitais se concentrem nos casos que necessitam de intervenções especializadas e complexas.

O próximo plenário do Think Tank SNS de Contas Certas é, portanto, um marco crucial na jornada para um SNS renovado e adaptado às realidades do século XXI. Convidamos todos os interessados a participar neste diálogo essencial. A colaboração entre o Ministério da Saúde, a Segurança Social, profissionais de saúde, decisores políticos e a sociedade civil é fundamental para construir um sistema que não só responda às necessidades da nossa população idosa, mas que também seja resiliente, eficiente e centrado no paciente.

A reinvenção do SNS para servir eficazmente uma população em evolução não é apenas uma opção; é uma necessidade imperativa. Juntos, podemos moldar um futuro em que o SNS esteja à altura de satisfazer as exigências de todos os portugueses, garantindo cuidados de saúde de qualidade, acessíveis e humanizados.

O Think Tank SNS de Contas Certas é apenas o início dessa transformação. Marque na sua agenda o dia 29/02 para assistir à conclusões no IX Meetup da Digital Health Portugal (inscrições aqui) e faça parte desta mudança essencial.

IX MEETUP Digital Health Portugal: Inovação Digital em Cuidados Paliativos

O IX Meetup do Digital Health Portugal irá abordar três áreas chave nos cuidados paliativos: o diagnóstico das necessidades e lacunas atuais do setor, a exploração de tecnologias digitais como telemedicina e monitorização remota para melhorar a eficiência dos cuidados, e o desenvolvimento de programas de formação para capacitar profissionais de saúde no uso efetivo destas tecnologias.

Este evento marca um passo decisivo na direção de um SNS mais robusto, preparado para atender às futuras necessidades da sociedade portuguesa, e evidencia o nosso compromisso contínuo com a melhoria do sistema de saúde no país. 

LOCAL: Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa)

Inscrições aqui.

By | 2024-02-20T22:10:59+01:00 Fevereiro 20th, 2024|Categories: EDITORIAL|Comentários fechados em Reinventar o SNS para uma População em Evolução

About the Author:

Uma Trajetória de Sucesso em Colaboração, Inovação e Empreendedorismo Social --> Formação Acadêmica e Experiência Docente: Formado em Psicologia Social e das Organizações pelo ISPA, Paulo Nunes de Abreu possui um mestrado em Gestão de Informação pela Universidade de Sheffield e um doutoramento em Ciências da Gestão pela Universidade de Lancaster. Entre 1996 e 2000, foi docente no Instituto Superior de Psicologia Aplicada e na ISEG (Escola de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa). Experiência profissional como Consultor: Bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, Paulo Nunes de Abreu concluiu o seu doutoramento em 2000. Desde então, acumulou vasta experiência como consultor, colaborando com o Governo Regional da Madeira (Direção Regional de Saúde) e participando em diversos projetos de consultoria e investigação com instituições de renome como o ISEG, INETI, Câmara Municipal de Évora, EDP, Ministério da Saúde de Portugal, Eureko BV, Observatório Europeu da Droga e PWC em Espanha. Especializações e Contribuições Relevantes: Certificado como facilitador profissional pela IAF (International Association of Facilitators), Paulo Nunes de Abreu teve um papel crucial na criação das Cimeiras Ibéricas de Líderes de Saúde em Espanha e foi co-fundador do Fórum do Hospital do Futuro em Portugal. Especializado em GDSS (sistemas de apoio à decisão em grupo), projetou intervenções para otimizar processos de mudança e inovação nos setores de saúde e educação. Atuação Atual e Abordagem Profissional: Desde 2021, Paulo é co-fundador da Debate Exímio Lda, uma spin-off do col.lab | collaboration laboratory Ltd., empresa sediada em Londres e editora da série de livros "Arquitetar a Colaboração", que aborda princípios, métodos e técnicas de facilitação de grupos. A sua trajetória, combinada com a experiência como residente em vários países e atualmente em Portugal, moldou uma abordagem profissional focada em colaboração, inovação e empreendedorismo social.