“Destes, 40% apresentam aspiração para a via aérea de forma silenciosa (sem tosse). A esmagadora maioria das vezes estas alterações são transitórias, cerca de 80% dos doentes recuperam parcial ou totalmente durante as duas primeiras semanas pós-AVC, mas cerca de 15% dos sobreviventes de AVC apresentam alterações da deglutição aos 3 meses pós-AVC”, descreve a Dr.ª Bárbara Moreira da Cruz, fisiatra do Hospital da Senhora da Oliveira, em Guimarães.
De acordo com a especialista, entre as complicações associadas à disfagia encontram-se o risco aumentado de infeção, a pneumonia, a malnutrição, a desidratação, a institucionalização, a depressão, o prolongamento do tempo de internamento, o pior prognóstico de recuperação funcional, o aumento dos encargos com sistema nacional de saúde e morte.
A abordagem das alterações da deglutição pós-AVC deve estar a cargo de uma equipa de reabilitação multidisciplinar bem treinada e coordenada por médico especialista de Medicina Física e de Reabilitação. O rastreio da disfagia deve ser feito o mais precocemente possível, idealmente no próprio Serviço de Urgência, antes de ser dado ao sobrevivente de AVC qualquer medicação, alimentação ou hidratação.
Na realidade portuguesa a esmagadora maioria das vezes este rastreio é efetuado à entrada da Unidade de AVC ou da enfermaria. Este rastreio pode ser assegurado pela equipa de enfermagem, pela terapia da fala ou pelo médico.
“Após um rastreio positivo deve ser efetuada uma avaliação formal de todo o aparelho da deglutição para que se possa estabelecer um programa de reabilitação individualizado. Esta avaliação formal poderá ser efetuada por terapia da fala ou médico fisiatra. Ao mesmo tempo deve ser efetuado um exame complementar de diagnóstico que permita ter total segurança no tipo de alimentação e hidratação a implementar a cada doente em particular”, descreve a Dr.ª Bárbara Moreira da Cruz.