A Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) e a Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) assinaram no dia 13 de abril um protocolo de cooperação com vista à realização de ações na área da prevenção, tratamento e do controlo da patologia cardiovascular na população diabética.
As pessoas com diabetes têm um risco acrescido, cerca do dobro da população não diabética, de doença cardiovascular. A prevalência das complicações cardiovasculares está relacionada com a duração e controlo da diabetes e da presença de algumas complicações microvasculares, em especial a nefropatia, mas em particular com o controlo dos restantes fatores de risco, como a dislipidémia e a hipertensão arterial, a que se juntam o tabagismo, o sedentarismo e a obesidade.
O acordo assinado pelo presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, Miguel Mendes e pelo presidente da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal, José Manuel Boavida, tem previsto diversas atividades desde a promoção da investigação científica e de registos, divulgação de estudos e de resultados de investigação, bem como a promoção do debate sobre temas relacionados com a patologia cardiovascular na pessoa com diabetes.
Esta parceria prevê ainda a colaboração científica na organização de ações de formação conjunta, de carácter anual, eventualmente inserida nas respetivas Áreas de Formação Avançada, como a Academia Cardiovascular (SPC) e a Escola da Diabetes (APDP).
De acordo com o relatório “Diabetes: Factos e Números” do Observatório Nacional da Diabetes, em 2015, a prevalência estimada da Diabetes na população portuguesa com idades compreendidas entre os 20 e os 79 anos (7,7 milhões de indivíduos) foi de 13,3%, isto é, mais de 1 milhão de portugueses neste grupo etário têm Diabetes. A este número juntam-se mais de 2 milhões de pessoas com pré-diabetes. De referir ainda, que 30% dos internamentos por AVC são em pessoas com Diabetes, tendo a sua importância relativa aumentado 4.4 p.p. nos últimos 10 anos.
«Com os números que a diabetes atinge em Portugal e no mundo só uma abordagem multidisciplinar poderá ser capaz de lhe responder. A tríade colesterol, hipertensão e diabetes é hoje incontornável na abordagem das doenças cardiovasculares, enquanto causa maior de mortalidade e de morbilidade. Desde os anos 70 que a Cardiologia foi uma das maiores preocupações da APDP. Depois de garantida a sobrevivência, importou prevenir as complicações e aumentar a qualidade de vida das pessoas com diabetes.
Este protocolo com a Sociedade Portuguesa de Cardiologia é esse reflexo. A proximidade das duas especialidades e o trabalho comum será um importante passo na luta contra a diabetes, quer na sua prevenção quer no seu controlo. É esse o desafio a que queremos responder.», explica o presidente da APDP, José Manuel Boavida.
Segundo o presidente Sociedade Portuguesa de Cardiologia, Miguel Mendes, «o combate à diabetes, nas suas vertentes de prevenção e tratamento é provavelmente o principal desafio a vencer na próxima década em Portugal. Preocupa-nos que as atuais gerações jovens devido ao aumento da obesidade e do sedentarismo que condicionam um risco muito elevado de diabetes, possam ver reduzida a sua esperança de vida face à geração atual e que o controlo farmacológico da diabetes já tenha um peso muito significativo na despesa do SNS.
«Por outro lado, o controlo da diabetes tem sido alvo de mudanças frequentes devido ao lançamento muito frequente de novas classes terapêuticas. Para enfrentarmos este combate, consideramos não ter melhor parceiro que a APDP pela sua história, impacto e profundo conhecimento de que dispõe neste campo.», conclui o responsável pela Sociedade Portuguesa de Cardiologia.