Em três anos, a Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL) e a Sociedade Portuguesa de Hematologia (SPH), com o apoio da biofarmacêutica Amgen, contribuíram com 40 mil Euros na atribuição de Bolsas de Investigação em Mieloma Múltiplo (MM) de 2017 a 2019, para a motivação da investigação nesta doença hematooncológica rara aumentando, assim, a investigação médico-científica nacional nesta patologia. Os três projetos encontram-se em desenvolvimento procurando contribuir para o progresso que se tem vindo a registar no estudo molecular, diagnóstico e tratamento deste tipo de cancro.
O especialista em Hematologia Clínica no Hospital de São João, Rui Bergantim, que lidera a equipa de investigadores vencedores da 1ª Bolsa em Mieloma Múltiplo, atribuída em 2017, explica “O MM mantém-se como uma neoplasia incurável, sendo um dos maiores desafios na abordagem desta doença hematológica quando um doente é resistente aos fármacos usados e inevitavelmente progride ou tem uma recaída.” Assim, os investigadores estão a pesquisar biomarcadores, que possam prognosticar a resistência ou sensibilidade aos fármacos que serão usados, personalizando a terapêutica destes doentes.
O especialista e investigador Rui Bergantim conclui “Encontramo-nos na fase de validação de potenciais micro-RNAs identificados numa amostra maior de doentes e, brevemente, em controlos saudáveis. Estamos confiantes que teremos em breve mais informação sobre esta abordagem e esperamos que os resultados possam contribuir para uma terapêutica personalizada dos doentes com MM, o que pode ditar uma verdadeira revolução no tratamento.”
Em 2018, na sua 2ª edição, a Bolsa de Investigação em Mieloma Múltiplo foi atribuída a Maria Inês Almeida, do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar/ Instituto de Engenharia Biomédica/ Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (Porto) e investigadora principal do projeto. “As lesões osteolíticas e doença óssea são características do mieloma múltiplo, afetando a qualidade de vida dos doentes e causando um aumento da morbidade e mortalidade”. Neste projeto, os investigadores propõem-se desenvolver duas vertentes, uma de estudos in vitro com células dos doentes, e outra de biomarcadores circulantes, nos doentes. A dor óssea é uma das principais manifestações clínicas da doença e estes doentes têm um risco aumentado de fratura. “Pretendemos não só diminuir a proliferação das células malignas, mas também regular o microambiente do osso. A Bolsa de Investigação em Mieloma Múltiplo foi importante porque nos permitiu iniciar uma nova linha de investigação, baseada na utilização de ferramentas de biologia molecular, sobre o tratamento de doença óssea e doença maligna. Para além disso, permitiu financiar uma parte inicial do projeto, cujos resultados foram cruciais para atrair financiamento internacional de forma a dar continuidade a esta ideia inovadora, o que já conseguimos fazer” avança a investigadora Maria Inês Almeida.
Vasco Bonifácio, do Instituto de Bioengenharia e Biociências (IBB) do Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa (IST-UL), é o investigador responsável do projeto “OSTEOGLUTIS”, vencedor da 3ª Edição da Bolsa em 2019, que pretende também impulsionar a investigação no desenvolvimento de novas terapêuticas desta doença hemato-oncológica. O projeto, na área da medicina regenerativa baseada na diferenciação osteogénica in vitro, sem recurso a manipulação genética, de células estaminais encontra-se em fase de ensaios preliminares para otimização de protocolos do processo. O investigador Vasco Bonifácio explica: “Já efetuamos a síntese das nanopartículas indutoras de osteogénese e estamos a ajustar os protocolos para a diferenciação osteogénica in vitro. Os resultados já obtidos são positivos. Esperamos até ao final do ano conseguir obter mais algumas respostas para a utilização de células estaminais no tratamento do mieloma múltiplo.”
João Raposo, Presidente da SPH refere que “será sempre um objetivo prioritário da SPH incentivar a investigação científica em qualquer vertente que se ligue com a Hematologia. Manifestamos a nossa disponibilidade em colaborar neste tipo de apoios”.
Manuel Abecasis, Presidente da APCL acrescenta que “as respostas que encontrarmos com estas três investigações em curso podem melhorar a qualidade de vida e a sobrevivência dos doentes com mieloma múltiplo não só em Portugal, como em todo o mundo. Estamos, por isso, muito satisfeitos por a APCL ter feito parte deste importante investimento nesta doença oncológica rara”.
Tiago Amieiro, Diretor-Geral da Amgen afirma que “o mieloma múltiplo é uma área prioritária da Amgen, em particular por ser uma doença rara que ainda não tem cura. Com este investimento reforçarmos o nosso compromisso nacional para com a investigação e enfatizamos a importância do nosso trabalho em conjunto com investigadores, associações de doentes, sociedades médicas e com as entidades na área da saúde, pelos doentes”.
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