Do encontro final do JA-CHRODIS (Ação Conjunta Europeia nas Doenças Crónicas e na Promoção do Envelhecimento Saudável) resultou um documento de orientação que lista os 12 passos essenciais para a implementação de boas práticas na prevenção e gestão das doenças crónicas: uma séria ameaça, para a sustentabilidade dos sistemas nacionais de saúde, que representa 70% a 80% do orçamento para a saúde na União Europeia. A Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) representou Portugal como exemplo de boas práticas.
Na conferência final do JA-CHRODIS, realizada a 27 e 28 de fevereiro em Bruxelas, foram apresentadas propostas a decisores políticos, investigadores e organizações governamentais e não-governamentais, sobre como lidar com o desafio das doenças crónicas. Estas propostas são o culminar de três anos de colaboração entre várias organizações europeias que atuam na área das doenças crónicas, nas quais se inclui a Direcção-Geral de Saúde (DGS), a APDP e o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, em representação de Portugal.
O Comissário Europeu para a Saúde e Segurança Alimentar, Vytenis Andriukaitis, realçou, na sua intervenção, que “Mais de meio milhão de cidadãos europeus em idade ativa morre prematuramente por causa das doenças crónicas. Isto representa um custo elevado quer para a sociedade, quer para a economia – 115 biliões de euros gastos na perda de produtividade e na despesa dos sistemas nacionais de saúde. Daí a importância de discutirmos em conjunto questões relacionadas com a promoção da saúde e a prevenção da doença. O JA-CHRODIS é um bom exemplo de participação, colaboração e cooperação entre diferentes entidades europeias. Através de exemplos concretos, conseguiu dar resposta aos desafios que as doenças crónicas colocam, contribuindo assim para sistemas de saúde mais sustentáveis, eficientes e resilientes”.
Durante a conferência, Carlos Segovia, coordenador do JA-CHRODIS, lançou o documento dos 12 passos para reduzir o impacto das doenças crónicas, uma “ferramenta prática para inspirar e guiar profissionais de saúde e decisores políticos na promoção do envelhecimento saudável e na prevenção, gestão e tratamento das doenças crónicas”. Os passos têm em consideração as diferentes conjunturas nacionais, realçando a conceção, monitorização e avaliação de projetos, o envolvimento dos cidadãos em risco e dos cidadãos com doença crónica, a educação e a formação, a colaboração intersectorial, a boa governança, a equidade, entre outras recomendações.
Entre os vários workshops dinamizados no decorrer da conferência, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer os diferentes outputs da Ação Conjunta, incluindo a Plataforma CHRODIS (http://platform.chrodis.eu/), repositório online de exemplos de boas práticas europeias na promoção da saúde e na prevenção primária, como é o caso do projeto de educação terapêutica da APDP “Juntos é Mais Fácil” (http://platform.chrodis.eu/clearinghouse?id=2801).
Na conferência discutiram-se as implicações mais amplas do desafio das doenças crónicas e sobre como os Estados-Membros e a União Europeia podem lidar com elas. Oradores como Vytenis Andriukaitis, e a diretora regional da Organização Mundial da Saúde para a Europa, Zsuzsanna Jakab, referiram a necessidade de implementar estratégias políticas que respondam eficazmente ao impacto que as doenças crónicas têm na saúde e qualidade de vida das populações.
As discussões de painel e palestras também se focaram em como tornar os sistemas de saúde mais sustentáveis, eficientes e resilientes, integrando a promoção da saúde em sistemas mais inclusivos e melhorando o trabalho cooperativo e intersectorial, com especial destaque para a visão baseada no valor da saúde das comunidades locais apresentada por Ricardo Baptista Leite, deputado da Assembleia da República.
Para Rogério Ribeiro, investigador do Centro de Educação e Investigação da APDP, a conferência final do JA-CHRODIS “mostrou que existe agora um caminho e uma metodologia de trabalho claros para avançarmos para a aplicação no terreno das lições aprendidas e soluções desenhadas em diálogo europeu nas áreas da promoção da saúde ao longo do ciclo de vida, da prevenção e gestão das doenças crónicas, principalmente da diabetes, da reorientação dos sistemas de saúde para os cuidados centrados na pessoa com multimorbilidade, e da avaliação do impacto dessas próprias mudanças. Efetivamente, será esse o mandato do JA-CHRODIS PLUS, que se irá iniciar ainda em 2017 e que conta com um alargamento dos países europeus participantes, demonstrando o valor reconhecido à Ação Conjunta que agora encerra”.