Aumento exponencial da incidência entre adultos e jovens nos últimos anos, sendo as maiores causas o uso constante de dispositivos eletrónicos e a diminuição das atividades ao ar livre. Em Portugal a miopia atinge cerca de 25% da população.
Falar de epidemia aplicando-a à miopia faz todo o sentido no século XXI, tendo em conta o aumento exponencial da incidência desta patologia nos últimos anos, nomeadamente na Ásia, onde cerca de 90 por cento das pessoas lida com o problema.
Segundo um estudo da revista Nature, até ao final desta década, 2,5 mil milhões de pessoas terão problemas de miopia no mundo. Quer nos Estados Unidos quer Europa, metade dos jovens adultos já sofre de miopia.
Os estudos mais recentes dizem que o número de casos de miopia aumentaram porque o ser humano passou a estar muito tempo em locais fechados e recorrendo constantemente ao uso de dispositivos eletrónicos, e não ao ar livre. Em Portugal a miopia atinge cerca de 25 por cento da população (cerca de 2,5 milhões), mas a sua incidência pode vir a aumentar entre os mais jovens devido ao estilo de vida atual, que nos leva a passar a maior parte do tempo em espaços fechados.
Convém, no entanto, distinguir duas dimensões diferentes de miopia: a miopia simples, ligeira ou moderada, até 6 dioptrias, que se corrige com o uso de óculos, lentes de contato ou cirurgia e a miopia elevada acima das 6 dioptrias, também corrigida com os mesmos métodos mas que muitas vezes, vem acompanhada de complicações oftalmológicas sérias, como o descolamento da retina, a baixa visão por alterações graves da retina, etc.
O grande desafio da miopia verifica-se nos dois parâmetros: simples e patológico, crescendo não só em número, como também em gravidade. Ainda não foi possível encontrar uma forma de prevenir ou de travar a sua evolução.
Segundo o Prof. António Marinho, Diretor de Serviço de Oftalmologia do Hospital da Luz em Vila Nova de Gaia “sabe-se que esta doença evolui ao longo da vida adulta e que não se nasce com a mesma miopia com que se morre. Por isso, há dois fatores importantes a ter em conta: impedir que a miopia apareça e impedir que ela aumente. Tal não foi alcançado de forma efetiva até hoje mas vamos continuar a debater o tema e atuar com as armas que existem para dar a melhor qualidade de vida possível aos doentes”.
Para o Prof.Monteiro Grillo, Presidente da SPO, algumas das recomendações básicas passam por:
1- Manter um nível de vida que implique um aumento de atividades ou permanência ao ar livre (mínimo de duas horas), pois uma vida ao ar livre, com maior exposição solar pode contribuir para uma menor progressão da doença miópica.
2- Menos permanência de tempo focado nos dispositivos eletrónicos;
3- Fazer rastreios regulares de visão entre os mais pequenos.