Afeta os adultos, os idosos, as mulheres e os homens. A anemia não discrimina, afetando também os adolescentes. É para estes que se chama a atenção neste artigo. Lino Rosado, pediatra, dá conta daquela que é uma característica comum nos adolescentes: “as mudanças nos hábitos alimentares resultantes da influência dos amigos e a necessidade de autoafirmação no seio da família. São estes fatores sociais e comportamentais que originam na grande maioria dos casos a carência em ferro”, responsável principal da anemia neste grupo etário.
“A deficiência em ferro ou ferropenia é a mais frequente deficiência nutricional, sendo a anemia o último estádio desta deficiência”, explica o médico. “A ferropenia resulta principalmente de uma dieta na qual a biodisponibilidade do ferro é inadequada, associada a uma necessidade aumentada de ferro durante um período de rápido crescimento e desenvolvimento muscular, que resulta num aumento do volume de sangue. A adolescência é efetivamente um desses períodos”, acrescenta.
Apesar de haver poucos dados disponíveis sobre a prevalência da deficiência em ferro nos adolescentes, Lino Rosado refere que “as estatísticas mostram taxas de prevalência de 9% em raparigas dos 12 aos 15 anos e de 16% em raparigas dos 16 aos 19 anos”. No caso dos rapazes, “a prevalência é mais baixa e isso deve-se sobretudo às perdas mensais das raparigas durante o período menstrual”.
O especialista não tem dúvidas: “É muito importante que haja uma adequada quantidade de ferro na dieta e este seja biodisponível para satisfazer as necessidades neste período particular da vida.”
E é importante também estar atento aos sinais e sintomas, uma vez que, na maioria dos casos o início da anemia é pouco percetível. “Os sintomas vão aparecendo progressivamente, tais como o cansaço, a palidez, as palpitações, a irritabilidade, as cefaleias e até alterações no comportamento escolar”, esclarece o pediatra.
Porque os sintomas se confundem, muitas vezes, com outros problemas de saúde, importa conhecê-los, divulgá-los, partilhá-los. É o que se pretende com uma nova aplicação, disponível em www.orostodaanemia.pt/, que tem como principal objetivo sensibilizar a população para o que é considerado já um problema de saúde pública.
A prevenção deve ser a palavra de ordem. No que diz respeito às adolescentes, o especialista aconselha que sejam “seguidas anualmente após a menarca e os adolescentes durante o seu período de maior crescimento”. Em caso de dúvidas, o melhor mesmo é consultar um médico. Recorde-se que, por cá, o estudo EMPIRE, trabalho pioneiro realizado em todo o território continental pelo Anemia Working Group Portugal, avança que 20,4%, ou seja, um em cada cinco portugueses, são afetados por anemia em algum momento da sua vida, com 52,7% de todos os casos a serem resultado de uma deficiência de ferro.
Photo by National Cancer Institute on Unsplash