A obesidade é um problema grave de saúde pública e a sua prevalência tem aumentado a um nível alarmante. Segundo o último estudo português, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), estima-se que, em Portugal, mais de metade da população – mais de 6 milhões de pessoas – tenha obesidade ou pré-obesidade, que causa não só impacto na qualidade de vida, mas também na morbilidade com o desenvolvimento de problemas de saúde associados como a diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial, dislipidemia, outras doenças metabólicas, respiratórias, cardiovasculares, ósseas, alguns tipos de cancros, e uma e mortalidade aumentada.
“Com o aumento da incidência da obesidade há uma clara necessidade para que Portugal comece a fazer mais e melhor! Ainda há muito espaço para se melhorar o acompanhamento destes doentes no que diz respeito a um diagnóstico mais atempado e reencaminhamento dentro do sistema de saúde, na promoção de uma melhor educação para a saúde e gestão correta da perda de peso, mas também como evitar o reganho ponderal. Existem também deficiências e a necessidade de uma reestruturação dos programas de tratamentos existentes no nosso país. O Serviço Nacional de Saúde (SNS) pouco fez para melhorar o acesso aos tratamentos dos portugueses, especialmente no que diz respeito aos novos fármacos, disponíveis em Portugal, mas sem qualquer apoio do estado na sua comparticipação, o que faz com que existam graves lacunas na acessibilidade.” avança Paula Freitas, presidente da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade (SPEO), no âmbito do Dia Nacional e Europeu da Luta Contra a Obesidade.
A obesidade está associada a um decréscimo da esperança média de vida e traz ainda elevados custos aos sistemas de saúde “desde o tratamento das multipatologias, como é o caso do cancro ou doenças respiratórias, cardiovasculares e diabetes, que são as áreas em que mais se gasta em saúde em Portugal; aos custos diretos, que se estimam em cerca de 59 milhões de Euros, com tratamentos, cirurgias e internamentos, para além dos custos indiretos relacionados com o absentismo laboral” acrescenta a representante da SPEO.
“As entidades de saúde e sociedade civil necessitam de trabalhar em conjunto com as sociedades médicas, especialistas de várias áreas do conhecimento e associações de doentes para encetar programas de prevenção, diagnóstico, e tratamento da obesidade para todas as faixas etárias, a implementar nos cuidados primários. Portugal foi o primeiro país da Europa a reconhecer a obesidade enquanto doença e seria excecional se nos conseguíssemos manter na linha da frente, como modelo europeu ou mundial a seguir. A SPEO está aberta para colaborar!”
O aumento global da prevalência da obesidade é um problema de saúde pública com grandes custos para os sistemas de saúde. Estima-se que mais de 50% da população mundial será obesa em 2025 se não forem adotadas medidas em contrário. O Relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) revela que entre 2002 e 2014 os países estagnaram no combate à doença.
O excesso de peso e a obesidade estão associados a um maior risco de desenvolver diferentes de cancro, como por exemplo, os hormono-dependentes (endométrio, ovário, mama, colo útero, próstata) e os gastrointestinais (colo-rectal, vesícula biliar, pâncreas, fígado), entre outros.
Perdas de peso na ordem dos 5 ou 10% nos doentes com obesidade podem traduzir-se em grandes benefícios e melhoria ou mesmo reversão das comorbilidades associadas à obesidade.