A Ordem dos Médicos e a Fundação BIAL anunciam o Prémio Maria de Sousa, uma homenagem à médica e grande imunologista, que morreu vítima de Covid-19 em abril passado.
Com um valor até 25 mil euros, o Prémio Maria de Sousa destina-se a galardoar jovens investigadores científicos portugueses, até aos 35 anos, com projetos de investigação na área das ciências da saúde. O galardão contempla um estágio num centro de excelência.
Miguel Guimarães, Bastonário da Ordem dos Médicos, destaca que “este prémio é para nós o melhor caminho para homenagear a forma como Maria de Sousa dedicou a sua vida à ciência e ao conhecimento pois reúne e enaltece as várias dimensões da médica e investigadora. Maria de Sousa desbravou caminho e demonstrou a importância da associação da clínica à investigação, sem nunca perder a capacidade de envolver os mais jovens e sem esquecer a importância da ética e do humanismo”.
Para Luís Portela, Presidente da Fundação BIAL, “este Prémio é uma homenagem a uma personalidade ímpar da ciência a nível mundial, que marcou de forma incontornável o desenvolvimento científico e académico em Portugal. Ao premiar jovens investigadores estamos a perpetuar o trabalho único de Maria de Sousa, que sempre procurou criar condições para que os jovens cientistas pudessem concretizar os seus sonhos e os seus percursos científicos”.
O júri desta primeira edição é constituído por cinco personalidades muito próximas de Maria de Sousa. O presidente é o neurocientista Rui Costa, professor de Neurociência e Neurologia na Columbia University nos EUA, e os restantes membros são Maria do Carmo Fonseca, presidente do Instituto de Medicina Molecular, Graça Porto, professora catedrática do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Miguel Castelo-Branco, diretor do Centro de Imagem Biomédica e Investigação Translacional da Universidade de Coimbra, e Joana Palha, vice-presidente da Escola de Medicina da Universidade do Minho.
As candidaturas, abertas a cidadãos portugueses que sejam investigadores científicos, residentes em Portugal ou no estrangeiro, decorrem até 31 de maio de 2021.
Após terminar a licenciatura em medicina, em 1964, Maria de Sousa iniciou uma carreira de investigação que passou por Inglaterra, Escócia – onde fez o doutoramento em Imunologia – e Estados Unidos. Regressou a Portugal em 1985 e integrou o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, onde fundou o Mestrado em Imunologia. Enquanto docente e investigadora da Universidade do Porto, foi responsável pelo primeiro programa doutoral em Portugal – Programa Graduado em Biologia Básica e Aplicada (GABBA).
Juntamente com o ex-ministro Prof. José Mariano Gago, promoveu na Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (JNICT) uma revolução no sistema de avaliação da ciência em Portugal.
Autora de diversos artigos científicos de alcance internacional, Maria de Sousa foi agraciada com inúmeras distinções e condecorada como Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (1995), Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada (2012) e com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada (2016).
A ligação de Maria de Sousa à Fundação BIAL iniciou-se em 1994, altura em que recebeu o Prémio BIAL pelo trabalho “Contribuição para a Caracterização da Ecologia e da Biologia do Sistema Timo-Dependente: Memórias, Percursos e Esboço de uma nova Teoria”. A partir de então a sua relação com a Fundação foi-se intensificando, tendo sido membro do júri do Prémio BIAL em três edições e sua Presidente no ano 2000. Entre 2010 e 2014, assumiu o cargo de administradora da Fundação BIAL, cuja atividade reorganizou, incutindo‑lhe um mais elevado nível de exigência e qualidade.
Regulamento e Formulário de candidatura do Prémio Maria de Sousa:
Photo by Michael Longmire on Unsplash