O Prémio Celgene 2017, no valor de 5 mil euros, foi atribuído ao projeto “Viver +: Programas de Reabilitação Física e Psicoemocional dos Doentes e Sobreviventes Oncológicos”, desenvolvido pela Associação Portuguesa de Leucemias e Linfomas (APLL). Agora, com o valor do Prémio, a APLL pretende dar continuidade ao seu projeto e ainda criar um guião para promover a literacia dos doentes oncológicos, que será lançado em abril. O Prémio Celgene 2017 está integrado no Change Makers, o programa internacional de responsabilidade social da Companhia e visa reconhecer iniciativas centradas nas pessoas com doença oncológica.
O programa de intervenção, dirigido por Isabel Leal Barbosa, presidente da APLL, foca-se em melhorar a qualidade de vida do doente e sobrevivente oncológico através da reabilitação física e da intervenção psicológica. Pretende alcançar um aumento progressivo da flexibilidade e mobilidade, a redução do isolamento social e da fadiga dos doentes e sobreviventes oncológicos. Com esta intervenção, a APLL quer contribuir para a melhoria do bem-estar físico e psicoemocional destas pessoas, aumentar a sua sensibilização para a doença e reduzir o impacto do diagnóstico e dos efeitos da doença. As aulas são orientadas por treinadores especializados, que para além da componente de treino físico também promovem a entreajuda e a partilha de momentos e sentimentos por parte de todos os participantes.
A APLL, em parceria com a Porto Lazer e a Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP) implementaram há cerca de dois anos o programa “De volta à forma” e daqui nasceu o projeto “Viver +” que se estenderá a outras cidades e será articulado com todos os outros programas já existentes.
“Com o Prémio, atribuído pela biofarmacêutica Celgene, pretendemos não só dar continuidade aos programas de reabilitação e alargar esta rede, mas também lançar um guião para promover a literacia dos doentes oncológicos, que muitas vezes têm necessidade de saber mais sobre a doença que lhes interrompe a vida sem avisar”, revela a professora Isabel Barbosa, presidente da APLL. O guia estará disponível a partir de abril, e será distribuído pela associação e nas sessões de treino, a todos os doentes que o solicitarem.
Os resultados do “Viver +” estão à vista: segundo a avaliação do projeto, todos os inquiridos consideram que a participação no programa foi uma forma de terapia essencial para a sua recuperação e que a prática de exercício físico melhorou a sua qualidade de vida em diferentes aspetos como a mobilidade, a força muscular, a socialização e a diminuição do isolamento, bem como a nível psicológico.
No final do ano letivo 2016/2017, 85,7% dos inquiridos revelou que a sua fadiga diminuiu com a prática de exercício físico, estando estes resultados de acordo com outros descritos na literatura. As aulas estão planeadas para dois dias por semana e 50% dos inquiridos sente necessidade de participar noutras atividades físicas, o que revela como a atividade física, trazida por este programa, se tornou tão importante na sua vida.
“Este programa tem sido um êxito, pois para além da reabilitação física, os doentes sentem que as sessões são também muito importantes para a sua recuperação psicológica, sentindo-se apoiados e protegidos – 92.9% dos inquiridos consideram que se sentem melhor física e psicologicamente após a participação no programa, o que é um resultado fantástico”, revela a professora Isabel Barbosa, presidente da APLL.
No total foram submetidas 13 candidaturas a este prémio, provenientes de instituições de todo o país, desde faculdades e centros de investigação a associações de doentes. Os projetos submetidos compreenderam, por um lado, ações de intervenção para a melhoria direta da qualidade de vida dos doentes oncológicos, mas também projetos de investigação no âmbito da avaliação médica, levantamento de necessidades e desenvolvimento de ferramentas tecnológicas.
O júri foi constituído por cinco membros, incluindo um representante da Celgene e quatro membros que representam diferentes competências na avaliação das dimensões associadas às iniciativas centradas na pessoa e à identificação do impacto social das intervenções.
A Prof. Dra. Luzia Travado, psico-oncologista e membro do júri, revela que “os doentes e sobreviventes oncológicos precisam de apoio psicossocial, mas tendem a não falar sobre este tipo de problema. Iniciativas como este Prémio da Celgene de incentivo às ações que promovem cuidados centrados na pessoa com doença são essenciais para promover o bem-estar, a qualidade de vida e a literacia em saúde destas pessoas”. Destaca que “os cuidados psico-oncológicos e a informação não são um luxo, são uma necessidade”.
A especialista congratula ainda “a APLL pelo excelente contributo que lhe mereceu o prémio” e felicita todos os que se inscreveram para este prémio, “pelo mérito das suas iniciativas, que enriquecem o panorama dos recursos nacionais de apoio às pessoas com doença oncológica”.